Lá vem o Ano Novo
Era 31 de dezembro e o Ano Novo não
chegava.
Alguma coisa muito estranha estava
acontecendo. É que lá na casa do Tempo
havia um grande problema.
Quando chegou a hora de Dona Meia-Noite
passar pela Terra, ela resolveu fazer
greve:
__Não
vou, não vou e pronto!
__
Mas não vai por quê? – perguntou o Tempo, que é o chefão lá deles.
__Não
vou porque estou cansada de tanta fita. Olhe só lá para a Terra.
E
Dona Meia-Noite continuou:
__Ah,
eu estou cansada dessa fita. Todo o ano é a mesma coisa. Prometem
ficar bonzinhos, mas amanhã estão todos
fazendo as mesmíssimas coisas.
Um
Segundinho passou reclamando:
__Dona
Meia-Noite, passa logo, eu não estou acostumado a trabalhar tanto.
O
Tempo já estava aflito:
__Eu
não posso parar, Dona Meia-Noite, anda logo!
Dona
Semana também tentou convencer à teimosa.
__Se
a senhora não passar, não vai haver Ano Novo, coitadinho dele!
__E
o Ano Velho, coitado, vai ter que trabalhar o resto da vida, ele, que já está
tão velhinho!
__Não
sei de nada. Desde que eu me entendo por gente, é a mesma coisa. Já
estou
cansada.
Nesta
altura apareceu a mulher do Tempo, que é Dona Temporada e que já
estava
preocupada de ver tanta confusão:
__Escute,
Dona Meia-Noite, é verdade que todos os anos as pessoas dizem que
vão
melhorar e no fim não melhoram nada! Mas quem sabe se este não vai ser
realmente um Ano Novo, vai ser de verdade, um
Ano Bom? Olhe só para o Ano
Novo: como é bonitinho, tão novinho, uma
graça! Quem sabe, Dona Meia-Noite,
quem sabe?
Dona
Meia-Noite pegou o Ano Novo no colo. Ele sorriu.
Ela
também sorriu, Dona Temporada falou:
__Quem
sabe este aninho, tão pequenino ainda, não vai fazer o milagre?
O
milagre de todos ficarem amigos e ninguém pensar em fazer mal aos outros?
Todos
aplaudiram:
__
É isso mesmo! Coragem, Dona Meia-Noite, vamos!
Dona
Meia-Noite olhou o Ano Novo, que continuava sorrindo.
__Sabe
de uma coisa? Então eu vou! Sai da frente, pessoal, lá vou eu!
Ruth Rocha Faz muito tempo Editora
Record.